terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Por um ano-novo mais zen

Uma monja, um imprevisto e muitos ensinamentos para viver 2011 com menos estresse e mais sabedoria


Monja Coen Sensei é missionária oficial da tradição Soto Shu

Quando cheguei ao templo da Monja Coen, na zona oeste de São Paulo, fui recebida por sua assistente, que me mostrou a sala de meditação. Sentada no tatame, tentei revisar as minhas anotações antes que a entrevista começasse, mas um latido forte de cachorro roubou minha concentração. Ele estava preso atrás de uma grade, e eu podia ver os primeiros degraus de uma escada – foi por ela que Coen desceu para me receber. “Mas com esses latidos como é que a gente vai conseguir gravar a entrevista?”, disse ela, sorrindo. A monja me perguntou se eu tinha medo de cachorro, eu disse que não. Soltou Godolfredo, um labrador de quatro anos, para ver se ele corria para fora e se acalmava. Mas o bicho nos surpreendeu: correu sim, mas em minha direção, e mordeu o meu rosto.

Entrevista? Que nada. O sangue que escorria foi lavado rapidamente no banheiro. Ela me colocou em seu carro e fomos direto para o hospital mais próximo, no qual passamos algumas horas juntas. E foi nesse contexto tenso, capaz de tirar qualquer dona de um cão agressor do sério, que a atitude zen dessa mulher se destacou. Na prática, a monja atesta sua teoria.

“Sobre o que mesmo era nossa entrevista?”, ela perguntou durante o trajeto. Expliquei que seria uma matéria com dicas para um ano-novo mais zen. Antes de começar a discorrer sobre o tema, ela me contou que o ano-novo possui um significado bem diferente em países do hemisfério norte. Lá, ele é uma preparação para o fim do inverno e chegada da primavera, é o fim da ausência de vida e o renascimento da natureza, nas flores, frutos e animais. Por esse motivo, é tradição japonesa realizar uma faxina em casa no período, como forma de renovação. No Brasil, mesmo com o ano-novo sendo recebido em outro contexto – afinal, estamos no auge do verão – o espírito de renovação também é comum. Sempre queremos dias melhores, diferentes aqueles deixados para trás.

Para Coen, o primeiro passo em busca de um ano-novo realmente satisfatório tem a ver com definir o que você quer. Imagine uma situação fantasiosa: se um gênio da lâmpada aparecesse hoje na sua frente, o que pediria para ele? Pense rápido, e se não conseguir responder, então é hora de parar e refletir. Depois volte para realidade e pondere o alcançável e praticável. “Muitas vezes, as pessoas se propõem metas absurdas e difíceis de cumprir”, diz ela, que destaca a importância de viver todos os dias com presença, fazendo cada coisa de uma vez. Por exemplo: “se estou trabalhando, devo estar inteiro em minhas atividades, se estou em casa, não devo ficar pensando no que preciso fazer no dia seguinte”.

E foi com essa presença que a monja conduziu o seu carro até o hospital. Mesmo diante de um trajeto tumultuado (com trânsito, buzinas e sangue escapando do curativo), ela seguiu leve o suficiente para se encantar com as crianças que andavam pela rua. No pronto-socorro, enquanto esperávamos pelo atendimento, inventou um jogo que distraía a mente: tentava adivinhar as doenças de cada paciente, como era a relação dos médicos entre si, em qual sala me atenderiam, nada escapava de seu olhar atento – a sala, ao menos, ela acertou.

Tranquilidade até nos momentos de adversidades revela o equilíbrio conquistado com meditação

Quando finalmente fui atendida, o médico me explicou que não deveríamos ter feito um curativo, já que ele retém umidade. Monja Coen, que tinha entrado no consultório comigo, sorriu demonstrando estar satisfeita por ter aprendido uma coisa nova. Eis a diferença entre perfeccionismo e excelência. Segundo ela, o perfeccionista é aquele que, diante de um resultado insatisfatório de seu trabalho, fica incomodado ou irado com os próprios erros. Excelência, no entanto, é saber que você deu o seu melhor e ter a consciência de suas falhas, de seus erros, procurando sempre melhorar. Ela avisa que é com esse espírito, o da excelência, que devemos encarar 2011.

Mais equilíbrio e paz no dia a dia
A prática meditativa que os zen budistas adotam para desenvolver o autoconhecimento é o zazen. O exercício consiste em sentar-se com a coluna ereta, de frente para a parede (sem estímulos visuais), com consciência em todo o corpo (até as mãos e a língua possuem uma postura correta) para, então, observar-se de fora. “É aí que percebemos as origens das nossas emoções, que nos entendemos melhor”, explica Monja Coen. Há algumas dicas práticas para aumentar nossa presença em tudo o que fazemos, são elas:

- A cada hora do dia, pare e faça uma respiração consciente. Pare tudo, feche os olhos, inspire pelo nariz, sinta o ar entrando, preenchendo os pulmões, purificando seu corpo, expire aos poucos, sem pressa, até esvaziar todo o pulmão, sinta o prazer proporcionado por essa respiração, e então volte ao que estava fazendo.

- A mente atormentada por pensamentos pode ser acalmada. Ao andar, por exemplo, imagine “pé direito, pé esquerdo”. Se for tomar um chá, pense “estou pegando a xícara, que está quente, o chá tem cheiro de camomila, vou encostar a xícara na boca, gosto da textura da porcelana”, e assim por diante.

TEMPLO TAIKOZAN TENZUI ZENJI
A meditação para iniciantes no templo da Monja Coen acontece às quintas-feiras, às 20h, e aos domingos, às 11h30. Endereço: Desembargador Paulo Passaláqua, 134, em frente ao Estádio do Pacaembú, em São Paulo.

TUDO NOVO DE NOVO!

TUDO NOVO DE NOVO!

"Mude, mas comece devagar, porque a direção

é mais importante que a velocidade.

Mude de caminho, ande por outras ruas,

observando os lugares por onde você passa.

Veja o mundo de outras perspectivas.

Descubra novos horizontes.


Não faça do hábito um estilo de vida.


Ame a novidade.

Tente o novo todo dia.

O novo lado, o novo método, o novo sabor,

o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.

Busque novos amigos, tente novos amores.

Faça novas relações.

Experimente a gostosura da surpresa.

Troque esse monte de medo por um pouco de vida.

Ame muito, cada vez mais, e de modos diferentes.

Troque de bolsa, de carteira, de malas, de atitude.


Mude.

Dê uma chance ao inesperado.

Abrace a gostosura da Surpresa.


Sonhe só o sonho certo e realize-o todo dia.

Lembre-se de que a Vida é uma só,

e decida-se por arrumar um outro emprego,

uma nova ocupação, um trabalho mais prazeroso,

mais digno, mais humano.

Abra seu coração de dentro para fora.

Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.

Exagere na criatividade.


E aproveite para fazer uma viagem longa,

se possível sem destino.

Experimente coisas diferentes, troque novamente.

Mude, de novo.

Experimente outra vez.

Você conhecerá coisas melhores e coisas piores,

mas não é isso o que importa.

O mais importante é a mudança,

o movimento, a energia, o entusiasmo.

Só o que está morto não muda!" - Edson Marques

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Feliz! Feliz!





MULHER ATIVA DESEJA À TODOS,
 UM NATAL CHEIO DE PAZ, AMOR E SAÚDE!


QUE 2011 SEJA CHEIO DE  REALIZAÇÕES E PROSPERIDADE!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Seja a mãe que puder. Sem culpas



Seja a mãe que puder. Sem culpas



O tempo da Amélia definitivamente já se foi e a figura da executiva workaholic não atrai todas as mulheres. O caminho trilhado hoje pelo sexo feminino está bem no meio desses dois mundos. A mulher moderna tenta ser uma boa mãe, enquanto se desdobra para não deixar de cumprir seus diversos outros papéis na sociedade: amante, profissional, amiga, filha, esportista, líder comunitária e por aí vai.


O problema é que esse acúmulo de tarefas que a maioria das mulheres hoje faz questão de assumir tem provocado um sentimento frequente de insatisfação e culpa quando o assunto é a maternidade. Segundo especialistas, por mais que uma mulher se desdobre, ela tem sempre a sensação de não ser a supermãe que todos esperam.

Isso ocorre, porque, apesar de toda a revolução sexual e dos direitos femininos conquistados, a mulherada ainda carrega no inconsciente conceitos e tradições passadas de geração para geração. E essa herança interfere, sem que muitas percebam, na hora de educar e cuidar dos filhos.

Assim, mesmo as mamães mais moderninhas, em algum momento, precisarão lidar com a máxima "Ser mãe é padecer no paraíso". E aí, de duas, uma: ou ela recusa aceitar essa condição, mas vive com a sensação de ser a pior mãe do mundo. Ou faz sacrifícios em nome da família e vive insatisfeita por ficar sempre em segundo plano.

A boa notícia é que algumas instituições, grupos de ajuda e até mesmo séries de TV já notaram os novos anseios femininos e têm ajudado as mães dessa geração a tentar aliviar o peso na consciência e fazer o máximo que podem, sem traumas.

A série Mothern, exibida no canal pago GNT, por exemplo, chamou a atenção das mulheres justamente por retratar a realidade da relação entre mães e filhos hoje em dia. Os dilemas enfrentados pelas mães do seriado mostraram que não existe a perfeição - só mesmo em comerciais de margarina.

Em São Paulo, o trabalho do Instituto Mãe Pessoa vai além. Por meio de workshops, psicólogas promovem discussões para que a mulher resgate sua identidade (afinal, ela não é só mãe. Também tem vontades, desejos, prioridades) e recupere a auto-estima.

O que esses trabalhos têm em comum é derrubar tabus e mitos que ainda envolvem a maternidade e encontrar um novo jeito de ser mãe que se adapte muito melhor ao novo estilo de vida da sociedade. Segundo as especialistas, as mulheres dessa geração serão responsáveis por criar um novo exemplo de mãe.

A seguir, a psicóloga Sheila Skitnevshy-Finger, sócia fundadora do Instituto Mãe Pessoa, e Magdalena Ramos, psicóloga, terapeuta de casais e família e co-autora do livro
E Agora, o que Fazer? A Difícil Arte de Criar os Filhos, dão alguns conselhos essenciais para quem já é mãe ou pretende ser .
Faça o possível
Pode parecer óbvio - e realmente é. Mas muitas mães se esquecem que são humanas e acreditam que vão dar conta de mil coisas ao mesmo tempo. "A mulher precisa abandonar o imperativo de que tem que fazer tudo e de forma perfeita", afirma Sheila.
Priorize a qualidade
Não é porque nossas avós ficavam o dia todo em casa que necessariamente seus filhos eram os seres que mais recebiam atenção no mundo. "Não adianta estar ao lado e não olhar nos olhos, não se entregar", explica a fundadora do Instituto Mãe Pessoa. A psicóloga Magdalena Ramos indica uma saída prática para as mães que têm uma longa rotina de trabalho. "Ao chegar em casa, se dedique integralmente a seu filho até que ele pegue no sono. Só depois volte para suas atividades corriqueiras".
"Enxugue" suas atividades
"Ninguém dimensiona o que é ter um filho, pois não há algo comparável na vida de uma pessoa. Este é um grande projeto e que, portanto, requer tempo e dedicação." A partir dessa definição, Magdalena propõe que todas as atividades "secundárias" sejam eliminadas da rotina da mãe até a criança ter, pelo menos, três anos. "Não programe grandes viagens, deixe a pós-graduação para depois. Enxugue suas atividades para se dedicar a seu filho", aconselha.
Cuide de você
É fundamental ter um momento só para você. E, segundo Sheila, isso não é uma medida egocêntrica, mas sim educacional. "Se a mulher passar do seu limite e não estiver bem, ela não conseguirá cuidar do outro. Além do mais, ela se torna um bom modelo para os filhos ao mostrar a importância dos cuidados com o próprio corpo e espírito", esclarece.
Diminua o ritmo de trabalho
Se todas as mães pudessem se dar ao luxo de uma "parada técnica" no meio da carreira para se entregar às exigências da maternidade, seria ótimo. No entanto, isso não é realidade para a maioria e nem indicado pelas especialistas. "Deixar totalmente a profissão de lado é ruim, pois um dia a criança cresce e a mulher não consegue mais recuperar os anos perdidos fora do mercado de trabalho", alerta Magdalena.

E a terapeuta é muita clara ao dizer que para quem trabalha num lugar que "tira o sangue dos funcionários", não cabe um filho na rotina. "É preciso o mínimo de planejamento para que depois a mãe não se descabele", define bem-humorada. A saída, portanto, é verificar com sua empresa se é possível trabalhar algumas horas de casa ou como autônoma.
Dublê de mãe
Como já estamos cansadas de saber, os cuidados do bebê nem sempre são exclusivos da mãe. Seja uma babá, a avó, berçário ou o que seja, é preciso de uma forcinha para olhar do pequeno. E, para Magdalena Ramos é primordial escolher alguém de confiança e essa decisão deve ser tomada exclusivamente pela mãe. "A mulher precisa ficar o mais confortável possível nos momentos que estiver longe do seu filho e isso só acontece se ela tiver certeza de que ele está sendo bem cuidado", explica. E, ainda de acordo com a terapeuta, não adianta recorrer a uma saída mais conveniente - por exemplo, deixar a criança com algum parente - se a mãe não tiver uma boa relação com essa pessoa.

Sheila destaca que a mulher precisa estar consciente de que se ela trabalha fora de casa, não acompanhará de perto o crescimento do seu filho e que ele irá desenvolver um vínculo amoroso com outra pessoa. Por isso, se faz necessário uma escolha pra lá de caprichada.
Estimule a participação do pai
Tudo bem que alguns camaradas realmente não contribuem. Mas as coisas já estão um pouco melhores na nossa geração e os pais fazem questão de participar. No entanto, algumas mães - superprotetoras - acreditam que só elas são capazes de cuidar do bebê. "Você troca a frauda do jeito errado", "Não brinque com ele desse jeito, senão pode machucá-lo". Frases desses tipos podem segundo Sheila, roubar do homem a possibilidade de ser pai.

E caso o pai não esteja presente durante a criação do pequeno - o que é algo recorrendo hoje em dia -, a mulher precisa ampliar sua rede de relacionamento para que outras pessoas sirvam de exemplo para a criança. De acordo com a fundadora do Mãe Pessoa, essa postura também é importante para que a mulher não fique apenas numa relação fechada e exclusiva entre mãe e filho.
Serviço:
Magdalena Ramos - psicóloga terapeuta de casais e família, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e co-autora do livro
E Agora, o que Fazer? A Difícil Arte de Criar os Filhos

Sheila Skitnevshy-Finger - psicóloga e sócia fundadora do Instituto Mãe Pessoa
http://www.maepessoa.com.br/

Mothern - Manual da Mãe Moderna
(livro que deu origem à série de mesmo nome no canal à cabo GNT)